Biotecnologia alimentar: a comida do futuro chegou?
Já pensou combinar ciência com cozinha? Pois, acredite, essa fusão já acontece no preparo de diversos alimentos presentes no nosso dia a dia, por meio da biotecnologia alimentar. Então, vamos entender melhor essa linha de estudo?
O que é biotecnologia?
A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica biotecnologia como:
“Qualquer aplicação tecnológica que utiliza sistemas biológicos, organismos vivos, ou seres derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica”.
Em suma, as biotecnologias compreendem a manipulação de organismos vivos com o objetivo de obter produtos e serviços úteis. Tais serviços devem contribuir, antes de mais nada, pra resolução de problemas da sociedade e do meio ambiente.
As biotecnologias existentes são divididas em quatro principais áreas:
- Biotecnologia aplicada à saúde;
- Biotecnologia aplicada à agropecuária;
- Biotecnologia industrial;
- Biotecnologia aplicada ao meio ambiente.
Trata-se de uma ciência de grande importância para nós, brasileiros. Isso porque, afinal, gera produtos pra:
- Saúde: como medicamentos, vacinas e antídotos, por exemplo;
- Locomoção: a partir de combustíveis como o álcool e o biodiesel;
- Alimentação: trazendo melhoria na produtividade agrícola de diversos tipos de plantas. Além disso, há controle e melhoramento de alimentos e bebidas;
- Outras diversas aplicações em áreas distintas.
Atualmente, de todas as biotecnologias, a engenharia genética e a clonagem são as que causam mais polêmicas entre a população. Principalmente por suas implicações éticas.
A biotecnologia é uma ciência recente?
Não! Há muitos e muitos anos a humanidade já utiliza organismos vivos pra analisar e resolver diversas questões da ciência e da sociedade.
Por volta de 6.000 a.C., microrganismos já eram utilizados nos processos de fermentação pra produção de bebidas alcoólicas. Tempos depois, uma técnica parecida foi utilizada pra produção de pães, queijos, vinagres e produtos lácteos.
Em 1981, por exemplo, foi obtida a primeira planta geneticamente modificada e em 1997 nasceu a famosa Dolly, a primeira ovelha clonada.
Como a biotecnologia pode ser aplicada à alimentação?
São muitas as possibilidades de aplicação da biotecnologia alimentar. Das questões mais simples às mais complexas. Entenda um pouco mais:
Os alimentos e as bebidas do dia a dia
Pães, queijos, iogurtes, bolos, sucos de frutas e bebidas alcoólicas são produzidos industrialmente com a ajuda fundamental de organismos vivos. Entre eles, bactérias, leveduras, fungos, algas e até mesmo alguns tipos de vírus, por exemplo.
Biofortificação dos alimentos
Além de auxiliarem na fabricação de alimentos seguros e acessíveis, conforme citado acima, os microrganismos também contribuem realçando o sabor, agregando textura, cor e consistência, e até elevando a quantidade de vitaminas e minerais em determinados alimentos.
A biofortificação é a técnica responsável por enriquecer os alimentos com nutrientes cuja ausência está associada a doenças crônicas, como diabetes, pressão alta e doenças do coração.
Muitos alimentos já são fortificados com antioxidantes. Essas substâncias, em síntese, podem ajudar a prevenir o envelhecimento precoce das células do corpo e até mesmo evitar o aparecimento de determinados tipos de câncer.
Carência nutricional X biotecnologia alimentar
Pesquisas científicas estão em andamento com o intuito de desenvolver frutas, verduras e legumes enriquecidos com vitaminas e minerais comumente carentes em determinadas populações.
Biotecnologia alimentar na agricultura
O acesso de toda população a alimentos saudáveis e seguros é uma das grandes preocupações da agricultura atual. E é então que entra a biotecnologia: através da modificação genética, tem sido possível desenvolver sementes e plantas que demandam menor quantidade de agrotóxicos para o seu desenvolvimento.
Segundo especialistas, essas práticas visam sobretudo a sustentabilidade. Atuam igualmente como alternativa pra controlar pragas, realizar o manejo adequado e alcançar sucessivos ganhos de produtividade.
Cases de sucesso na biotecnologia alimentar:
Muitos produtos que já estão no mercado (ou quase!) são produzidos com o uso da biotecnologia alimentar. Entre eles:
- Soja Vistive Gold, cultivada nos Estados Unidos, é uma soja de alto rendimento. Assim, seu óleo, Vistive® Gold, possui 60% menos gorduras saturadas do que o óleo de soja tradicional;
- Soja Ômega 3 com Ácido Estearidônico, é uma soja também obtida pela biotecnologia. O seu óleo, aliás, oferece os benefícios do Ômega 3, um tipo de “gordura do bem” que normalmente não estaria em grande quantidade na soja;
- Nas Filipinas, elaborou-se o Arroz Dourado. Em suma, é um arroz enriquecido com betacaroteno, o qual tem diminuído a carência desse nutriente em toda população local;
- Leite produzido sem vacas já é uma realidade a partir da agricultura celular produzida pela empresa Perfect Day. O produto contém as mesmas proteínas presentes no leite de vaca, não contém lactose e apresenta uma vida de prateleira de até seis meses. A empresa utiliza leveduras e técnicas de fermentação pra criar as proteínas lácteas, as quais também servem pra outros produtos lácteos, como, por exemplo, queijos, iogurtes e sorvetes;
- A empresa Memphis Meats tem trabalhado pra inserir no mercado a carne produzida sem gado. Atualmente, os cientistas conseguem extrair células de animais pra, em seguida, cultivá-las em laboratório. Este sistema tem potencial pra produzir carne barata e acessível;
- A Clara Foods promete fornecer em breve clara de ovo produzida sem galinhas. Os cientistas da equipe já conseguem criar claras com propriedades específicas para as necessidades de cada aplicação (em massas, bolos, tortas ou sobremesas).
Viu, só? Por fim, muito daquilo que assistíamos em filmes de ficção científica vem, pouco a pouco, se tornando realidade. E você? Está preparado para o futuro?
Por aqui, o presente já é cheio de tecnologias que tornam nossos produtos, sem dúvida, mais saudáveis.