Jejum intermitente: como funciona e se vale a pena fazer

O jejum intermitente ganhou fama na internet por seus supostos benefícios e por ser um aliado no emagrecimento. Basicamente, essa estratégia alimentar consiste em alternar períodos de jejum com uma alimentação balanceada. Diferente de outras dietas, a ideia não é tanto limitar o que você deve comer, mas sim a janela de tempo ideal para as refeições. 

Sendo feito de maneira adequada, com a orientação de um nutricionista, é possível usá-lo como um aliado. Mas vale o adendo: não serve para todo mundo. A seguir, explicamos os riscos da dieta do jejum intermitente, os erros mais comuns e como ela funciona na prática. Bora lá? 

O que é jejum intermitente?

Resumindo, ele é uma proposta alimentar em que se intercala períodos de jejum com períodos de alimentação, sendo uma estratégia para o controle de peso corporal, especialmente quando a ideia é o emagrecimento. 

Entre os benefícios do jejum intermitente, normalmente se fala em favorecer a utilização dos estoques de gordura como fonte de energia e, assim, acelerar a perda da chamada massa gorda. Além disso, o processo pode ajudar na desintoxicação do organismo e no controle de insulina, por exemplo.

O período de jejum normalmente varia de 10 a 36 horas. Em alguns casos, se faz jejum intermitente todos os dias, em outros, somente algumas vezes por semana. Isso depende muito do histórico de saúde de cada pessoa, seus objetivos e adaptação – e deve ser feito sempre com acompanhamento profissional. 

Além disso, vale citar que a ideia é aliar esses períodos de privação com uma alimentação saudável e equilibrada, viu? Afinal de contas, a ideia geral de diminuir a janela de alimentação é gerar um déficit calórico, ou seja, consumir menos calorias do que se gasta, gerando assim a perda de peso. 

Como funciona o jejum intermitente?

Não existe uma regra de como aplicar essa estratégia, mas normalmente existem alguns protocolos bastante conhecidos. A seguir, listamos algumas das práticas mais populares: 

  • Jejum intermitente de até 12h 

O jejum de 10 a 12 horas é provavelmente o mais comum, onde a pessoa passa até metade do dia sem comer (como das 21h às 9h da manhã do dia seguinte). A ideia é fazer três refeições saudáveis ao longo do dia, sendo uma boa proposta de jejum intermitente para iniciantes.

  • Jejum intermitente de 16h 

A ideia é passar 16 horas em jejum, distribuindo as refeições conforme a rotina da pessoa. Em alguns casos, o indivíduo faz o jantar às 20h e a próxima alimentação será o almoço do dia seguinte. Há quem prefira pular o jantar e iniciar o dia seguinte com café da manhã, por exemplo. 

  • Jejum intermitente de 24h 

Alguns protocolos são mais desafiadores e defendem períodos mais longos em jejum. Normalmente, esse processo é feito em um ou dois dias da semana no máximo. O método tem uma adaptação difícil e não funciona pra muita gente. Entre os erros do jejum intermitente é tentar fazer por conta própria e colocar a saúde em risco. 

  • Jejum de 36 horas

Nesse caso, a pessoa fica um dia inteiro e mais metade do dia seguinte sem se alimentar. Normalmente, é feito por pessoas que já estão bem adaptadas aos jejum.

Quais os benefícios do jejum intermitente? 

Quando feito sob orientação profissional e bem prescrito, o jejum intermitente pode trazer algumas vantagens para a saúde, como:

Saúde do coração: acompanhado de refeições saudáveis, pobres em açúcares e gorduras, o jejum intermitente pode ajudar a regular os níveis de colesterol e triglicerídeos. Além disso, a estratégia também favorece a diminuição dos níveis de gordura ruim (HDL), facilitando a circulação do sangue e prevenindo a pressão alta.

Queima de gordura: com jejum controlado, a baixa ingestão de calorias leva à redução dos níveis de glicose e insulina no sangue. Isso faz com que o organismo use as células de gordura do corpo como fonte de combustível. 

Prevenção da diabetes: associar o jejum a um baixo consumo de açúcar ajuda a regular os níveis de glicose e insulina no sangue, contribuindo para evitar diabetes. 

Vale ressaltar que não adianta simplesmente ficar longos períodos sem comer. O cardápio do jejum intermitente precisa ser nutritivo, favorecendo a sensação de saciedade e garantindo um bom aporte nutricional. É preciso investir em alimentos saudáveis, naturais, evitando itens industrializados e ultraprocessados. 

Todo mundo pode fazer?

Essa estratégia é indicada para quem já está acostumado a ter uma alimentação equilibrada há bastante tempo. Ao contrário do possa parecer, o jejum intermitente não é recomendado para todos. Principalmente, deve ser evitado por crianças, idosos, gestantes, lactantes e pessoas com diabetes tipo I. Também não é muito adequado para quem pratica exercícios físicos intensos. Mesmo no caso de pessoas saudáveis e sem nenhuma aparente restrição, fazer um jejum sem a orientação adequada de um nutricionista pode trazer diversos riscos à saúde. 

O que é permitido comer ou beber?

Durante a janela de jejum, é permitido consumir líquidos que não têm calorias, como água, chás e café sem açúcar, por exemplo.  

Mas, afinal de contas, como quebrar o jejum intermitente? A ideia é fazer sempre refeições balanceadas, consumindo proteínas com pouca gordura, legumes, verduras, frutas, cereais integrais e etc. Deve-se evitar cereais refinados, doces, industrializados e fast foods, por exemplo. Além disso, normalmente as refeições devem ter a mesma porção utilizada mesmo que a pessoa não estivesse de jejum, sendo um erro muito comum compensar nas quantidades e deixar de ter ganhos reais. 

Outro ponto essencial é ficar atento ao seu corpo: sentindo qualquer desconforto, suspenda o jejum e converse com seu nutricionista. 

+ Confira qual a quantidade ideal de consumo de proteínas

É verdade que o jejum intermitente emagrece?

A ciência já sabe que esse tipo de jejum ajuda a manter o perfil hormonal com níveis baixos de insulina e também favorece a queima de gordura, por outro lado, em relação ao emagrecimento ele não se mostra superior a outras estratégias que promovem o déficit calórico. No final das contas, quem manda mesmo é o balanço energético.

Para algumas pessoas, fazer jejum intermitente pode ser uma boa saída, para outras pode causar prejuízos à saúde ou até mesmo levar a episódios de compulsão alimentar. Por isso, a recomendação é sempre procurar um nutri para ver qual a melhor abordagem para as suas individualidades.

Referências:

Referências: Seimon et al. Do intermittent diets provide physiological benefits over continuous diets for weight loss? A systematic review of clinical trials. Molecular and Cellular Endocrinology 418 (2015) 153e172 Tinsley et al. Effects of intermittent fasting on body composition and clinical health markers in humans. Nutrition ReviewsVR Vol. 0(0):1–14 Varady. Impact of intermittent fasting on glucose homeostasi. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2016, 19:000–000 Horne. Health effects of intermittent fasting: hormesis or harm? A systematic review. Am J Clin Nutr 2015;102:464–70.

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