Neuroplasticidade: o que é e para que serve

neuroplasticidade

Você já ouviu falar em neuroplasticidade? Em outras palavras, é a capacidade que nosso cérebro tem de reorganizar seus neurônios e se adaptar à mudanças. 

Nascemos com aproximadamente 100 bilhões de neurônios, todos interligados em uma rede química e elétrica, dinâmica e contínua, que constituem nosso sistema nervoso.  

A neuroplasticidade nos permite compreender a capacidade cognitiva que nosso cérebro tem de mudar parâmetros, estabelecendo ou reestalecendo suas respostas diante de estímulos, mudanças ambientais e traumas.  

Como as conexões neurais são criadas 

Para entender melhor o que é neuroplasticidade, primeiro vamos explicar como surge e funciona nossa rede neuronal. A produção de neurônios, células que compõem nosso sistema nervoso, se inicia ainda na fase embrionária. 

Essas células nervosas possuem um formato diferenciado, com axônios e dendritos, que permitem a transmissão de informações entre as células. 

Axônios 

O axônio é o prolongamento do neurônio, uma espécie de canal por onde os impulsos elétricos se movem, promovendo a transmissão de informações entre os neurônios e as células nervosas. 

Dendritos  

Dendritos são ramificações que envolvem as extremidades da célula nervosa, núcleo e a parte final do axônio. Cada neurônio pode ter milhares de dendritos e esses ligamentos permitem receber e passar as informações entre uma célula e outra. 

Quando nascemos, boa parte dessa circuitaria já está formada, com cada célula em seu devido lugar. Contudo, o refinamento final dessas conexões ocorre ao longo da infância, fase que os cientistas chamam de período crítico, que é influenciada pelo ambiente sensorial a que somos inseridos. 

Apesar de a maioria das mudanças da circuitaria neural ser restrita à essa fase, o desenvolvimento da nossa rede neuronal não chega ao fim quando ainda somos crianças.

Nosso cérebro é passível de mudanças e novas conexões neurais, que são influenciadas de acordo com as experiências que adquirimos ao longo da vida. A seguir explicaremos mais sobre essa capacidade neural a que chamamos de neuroplasticidade. 

O que é neuroplasticidade? 

A neuroplasticidade, também conhecida como plasticidade neuronal, é a capacidade do cérebro em reorganizar suas conexões, quando somos expostos a estímulos sensoriais diferentes, como: mudanças de padrão, fatores ambientais e danos sofridos em sua estrutura funcional. 

Essa capacidade cerebral pode variar de acordo com a idade do indivíduo. Além disso, tem o poder de induzir modificações na rede neural padrão, reforçando ou inibindo conexões entre determinados neurônios. Existem 5 tipos de plasticidade, são elas: 

1. Plasticidade somática 

A plasticidade somática está associada a regulação da proliferação e morte dos neurônios. Esse tipo de plasticidade só ocorre durante o período embrionário, na construção do sistema nervoso, por isso não responde às influências do meio externo. 

2. Plasticidade axônica 

A plasticidade axônica ocorre durante o período crítico – fase dos 0 aos 2 anos da criança –, quando o sistema nervoso ainda está desenvolvendo seus circuitos padrões e respondendo aos primeiros estímulos. 

Por isso, ela é mais fundamental, pois molda o sistema neural a partir das primeiras experiências e aprendizados a que somos expostos.  

3. Plasticidade dendrítica  

Esse tipo ocorre durante todo o desenvolvimento do sistema nervoso, estando relacionado as alterações de números, extensões, disposição espacial e densidade dos dendrito. Ela influência totalmente na transmissão de informações entre os neurônios. 

4. Plasticidade sináptica 

Também conhecida como sinapses de Hebb, é um mecanismo hipotético proposto por Donald Hebb, em 1940. Esse tipo de plasticidade está relacionado à capacidade cerebral de fortalecer ou enfraquecer sinapses, modificando a força da conexão de acordo com estímulos internos ou externos.  

Essa neuroplasticidade é uma das mais importantes no campo de estudos neurais. Afinal, é ele que mostra a capacidade dos nossos neurônios em alterar suas transmissões de acordo com as circunstâncias.

5. Plasticidade regenerativa 

A plasticidade regenerativa ocorre quando há o recrescimento de axônios lesados. Geralmente, ela ocorre no sistema nervoso periférico, onde a regeneração axônica é facilitada por células do tecido.  

Essa plasticidade não costuma ocorrer no sistema nervoso central, porque células do tipo oligodendrócitos e astrócitos produzem substâncias que inibem a regeneração dos axônios. 

A importância da neuroplasticidade 

De acordo com o vimos acima, podemos concluir que a neuroplasticidade está relacionada ao remapeamento do circuito neural e dos processos cerebrais.  

Isso quer dizer que nosso circuito neural é maleável e passível de mudanças. Podemos notar também que nosso cérebro não é fruto apenas do resultado genético, mas também das reações ao mundo do qual vivemos. 

E, embora a maioria das plasticidades ocorra durante a fase de desenvolvimento, quando ainda somos crianças, a ciência mostra que nosso sistema nervoso pode ser adaptável e moldável por toda vida.  

Neurociência, área que estuda os fenômenos da plasticidade 

A neurociência é o campo de estudo que analisa os mecanismos da plasticidade e sua influência no nosso cérebro. Isso desde a resposta a lesões traumáticas, até as alterações nos processos de aprendizado, memória, estados comportamentais e adaptação 

A ciência também mostra que nosso cérebro se modifica de acordo com as atividades mentais e as áreas mais utilizadas. Desta forma, assim como o exercício físico fortalece e modifica nosso corpo, o exercício cognitivo aumenta a saúde do nosso cérebro.  

Quando a neuroplasticidade acontece em nossa vida 

A plasticidade acontece a todo tempo, estando relacionada a construção do nosso repertório de habilidades, nas experiências que vivemos, evolução e proteção do nosso sistema cognitivo. 

Veja abaixo algumas condições que estimulam a neuroplasticidade em nossas vidas: 

  • Acidentes vasculares e cerebrais; 

  • Alterações de sentimentos; 

  • Aprender a tocar um instrumento musical; 

  • Aprender um novo idioma; 

  • Autismo; 

  • Derrame; 

  • Depressão; 

  • Mudanças de comportamento; 

  • Mudança de emprego; 

  • Reabilitação de vícios e dependências. 

A neuroplasticidade no ambiente de trabalho e no dia a dia 

Como vimos acima, o comportamento e as experiências pessoais são capazes de promover alterações em nosso cérebro. São essas experiências e estímulos que levam a ocorrência da plasticidade e, consequentemente, a modulação do cérebro.  

Há vários experimentos que mostram o papel dessa capacidade no desenvolvimento cognitivo de pessoas, que estão, por exemplo, aprendendo novas habilidades.  

Muitos estudos sugerem que a neuroplasticidade é um mecanismo para a recuperação em resposta ao treinamento. Sendo assim, o treino de tarefas ou habilidades funcionais é que permite a plasticidade e alteração cerebral. 

Então, para exercitar o cérebro é preciso treinar! Veja abaixo algumas dicas de como promover a neuroplasticidade diariamente em sua vida. Seja em casa ou no trabalho, veja como contribuir com o seu desenvolvimento cognitivo. 

  1. Aprenda algo novo todo dia 

Se proponha a aprender algo novo todos os dias. Escolha algo que queira muito aprender, pesquise, procure referências, faça aulas, estude, vá um passo de cada vez, uma lição nova por dia. 

Esse treino diário fará com que desenvolva novas habilidades, cresça seu repertório de conhecimentos e ativará constantemente plasticidades neurais em seu cérebro. 

  1. Proporcione conhecimento 

Uma boa forma de aprender é ensinar algo novo a alguém. A troca de experiência favorece o repertório de conhecimentos e estimula padrões comportamentais e emocionais.  

Ao proporcionar conhecimento, você estará treinando suas habilidades de liderança e trabalho em equipe, desenvolvendo empatia e confiança. 

  1. Pratique meditação 

A meditação promove a autorregulação emocional, proporcionando mudanças de pensamento, percepção e comportamento.  

A consciência ativa desenvolvida com a meditação permite alterações nos padrões neurais e químicos do corpo. Com poucos minutos por dia, você já verá a mudança e os benefícios físicos e mentais. 

  1. Estimule hábitos saudáveis 

Quer que seu corpo e cérebro tenha um bom funcionamento e evolua? Então é necessário seu sistema de forma adequada. Nosso organismo funciona como uma máquina e necessita de vitaminas e nutrientes para se manter.  

Ter uma alimentação saudável e praticar exercícios regularmente é fundamental para proteger o organismo e ativar as bases neurais. Elimine hábitos ruins de sua vida, alimentos e bebidas tóxicas. 

  1. Durma bem 

Assim como nossos músculos precisam de descanso para se desenvolver, nosso cérebro também precisa.  Essa máquina fica o dia todo em atividade, coordenando nossos movimentos, pensamentos, percepções e emoções.

E ele não para um segundo sequer, nem mesmo quando estamos dormindo. É quando caímos no sono que ele aproveita para organizar as informações, estabelecer prioridades, ativar e desativar funções.

Por isso, o sono é muito importante no processo de desenvolvimento cognitivo. Cuide muito bem do seu!  

Concluindo, podemos perceber que a neuroplasticidade está, portanto, intimamente relacionada ao que queremos ser e como podemos melhorar as nossas habilidades durante a nossa vida. 

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