O que os países vêm fazendo para eliminar o desperdício de alimentos

Os números de ilustram o desperdício de alimentos ao redor do planeta são assustadores. De acordo com um estudo da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo não são consumidos.

Isso equivale a cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos desperdiçados. Quantidade, aliás, que seria suficiente para alimentar dois bilhões de pessoas.

O mesma pesquisa mostra que, se apenas 25% dos alimentos desperdiçados no mundo pudessem ser aproveitados e redistribuídos, seria possível alimentar mais de 870 milhões de pessoas.

O desperdício de alimentos no mundo

Todo esse desperdício de alimentos ocorre ao longo da rede de fornecimento: da produção inicial no campo, até o consumo final nos lares. Além disso, ocasiona emissões desnecessárias de gases do efeito estufa, que por sua vez contribuem para o aquecimento global. 

Outros dados revelam ainda o desperdício per capita de alimentos, por consumidor. Na Europa e América do Norte, vão para o lixo de 95 a 115 kg por ano. Por outro lado, na África subsaariana e na Ásia esse número cai drasticamente: são seis a 11 kg anualmente.

Sobretudo há um contraste forte com a escassez de alimentos. Segundo o Panorama regional da segurança alimentar e a nutrição, no continente africano a subalimentação crônica afeta hoje a uns 224 milhões de pessoas. Em outras palavras, 25% dos 815 milhões de famintos do mundo.

Por isso, diversos países estão se mobilizando para combater esse desperdício. Nascem, assim, iniciativas exemplares que podem ser aplicadas em outros territórios. Inclusive no Brasil, onde a fome afeta cerca de 15 milhões de pessoas, de acordo com o IBGE. 

O país ocupa o 10º lugar no ranking dos países que mais desperdiçam alimentos. Para se livrar da marca, o Brasil aderiu à campanha Stop Food Waste Day.

Fazem parte do movimento nações como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, França, Alemanha, Espanha, Turquia, Japão e Austrália, por exemplo.

Todos se comprometeram a adotar ações que visam diminuir o desperdício de alimentos. A meta global é reduzir 50% do desperdício até 2030.

Veja o que países vêm fazendo para eliminar o desperdício de alimentos

França proíbe desperdícios

Os franceses foram pioneiros ao proibir o desperdício de alimentos em supermercados. Uma lei, adotada no país, assegura que aqueles próximos à data de vencimento não podem ser descartados.

Assim, são doados a bancos de alimentos ou instituições de caridade. Os supermercados que desrespeitaram a lei, podem sofrer multa no valor de até 75 mil euros ou uma sentença de prisão de até dois anos.

A lei busca reduzir os números franceses: cada cidadão descarta em média 20 quilos de alimentos por ano. O que representa um prejuízo de 12 a 20 bilhões anualmente. 

Itália incentiva levar comida para casa

A terra da pizza também luta contra o desperdício. O país, desde 2016, facilita a doação de empresas e agricultores para instituições de caridade. A lei italiana, por outro lado, não aplica punições, mas adotou incentivos que facilitam a mudança de comportamento das empresas.

Uma das campanhas adotadas, por exemplo, incentiva as pessoas a levarem pra casa os alimentos não consumidos em seus pedidos em restaurantes. 

Chile procura reduzir desperdício de alimentos 

O Chile, em 2017, estabeleceu o Comitê Nacional de Prevenção e Redução de Perdas e Desperdícios de Alimentos. Assim, visa facilitar e coordenar estratégias para prevenir e reduzir a perda e desperdício de alimentos.

O país trabalhou, de acordo com a FAO, em estudos para medir a perda de comestíveis como alface, pão, arroz e batata, por exemplo. Além disso, trabalha em atividades para recuperação de alimentos em pontos de vendas e a criação de conselhos para prevenir a perda de alimentos nos ambientes domésticos. 

Sem desperdícios no supermercado dinamarquês 

Desde 2016, funciona na Dinamarca um supermercado onde só alimentos vencidos ou fora do padrão de comercialização são vendidos. O Wefood, inaugurado em Copenhague, oferece produtos com preços 30% a 50% mais baixos do que nos mercados comuns.

São alimentos vencidos, mas em perfeitas condições de consumo. A loja trabalha em parceria com duas das maiores cadeias de supermercado no país: a Føtex e a Danske Supermarked, além de mercados locais.

Entre os alimentos ofertados estão laticínios, frutas, vegetais, carnes, pães congelados. Além de ser uma excelente maneira de evitar desperdícios, o dinheiro arrecadado com a venda é usado para combater a fome em países como Etiópia, Sudão e Bangladesh. 

O que está sendo feito no Brasil 

Os números do desperdício de alimentos brasileiro são altos. 40 mil toneladas vão para o lixo todos os dias. De acordo com a ONG Banco de Alimentos, cada brasileiro desperdiça mais de meio quilo de comida por dia.

É possível listar várias causas para isso. O transporte, por exemplo, gera perdas em longas distâncias ou pelo uso de embalagens inadequadas.

Muitos produtos, principalmente frutas e verduras, estragam antes mesmo de saírem das prateleiras e gôndolas. Outra parcela estraga antes de chegar a mesa, e outra parcela vai ao lixo doméstico sem ser consumida. 

Para reduzir esse quadro, surgem iniciativas como a Save Food Brasil, que trabalha em conjunto com empresários, produtores e governo para buscar alternativas para reduzir a perda.  Existem, aliás, diversos projetos, redes e ONGs que estimulam a doação de produtos que seriam descartados.

Uma delas é a Mesa Brasil SESC. A organização entregou, somente no ano de 2017, alimentos a mais de 1,4 milhão de brasileiros. Isso tudo por meio de parcerias público-privadas em mais de 500 municípios, utilizando produtos que acabariam no lixo.

Desperdício de alimentos no Reino Unido 

O Reino unido importa 40% dos suprimentos alimentares anualmente, e tem 4 milhões de pessoas afetadas pela pobreza alimentar. Por isso, o desperdício é uma das maiores preocupações do país.

Por ano, aproximadamente 6.7 milhões de toneladas de alimento são desperdiçadas. Em outras palavras, mais de 10 bilhões de libras por ano vão para o lixo. A lista dos alimentos mais desperdiçados inclui batatas, maçãs e pão, por exemplo. 

Existem iniciativas inusitadas, como a empresa britânica que produz cerveja a partir de restos de pão. Hoje, uma equipe promove a produção da Toast Ale, uma cerveja premiada feita de pães.

Porém, outros tipos de ações que se destacam. Um exemplo é a iniciativa Step up to the Plate, abrangendo 300 organizações que se comprometeram a reduzir o desperdício de alimentos. 

Iniciativas da Argentina contra o desperdício de alimentos

Criado em 2015, o Programa Nacional para a Redução de Perdas e Desperdícios de Alimentos, implantando na Argentina, procura reduzir o número de alimentos a irem pro lixo. Desde então, mais de 80 instituições públicas e privadas se uniram para combater o desperdício.

Como parte do programa, foi lançada uma campanha nacional chamada “Valorizemos os Alimentos”, que fornece informações e vídeos sobre como evitar a perda e desperdício de alimentos.

Evitar o desperdício reduz custos ambientais

Por fim, é importante lembrar o impacto do desperdício no meio ambiente. Todas as etapas do processo, desde o plantio até o consumo, consomem energia e água e geram emissão de carbono.

Em suma, o desperdício de alimentos custa cerca de 1 trilhão de dólares por ano, de acordo com a ONU. Em termos de poluição, o terço de alimentos desperdiçados no mundo todo equivalem a 3,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa liberados desnecessariamente na atmosfera. Ou seja, uma poluição que poderia ter sido evitada.

Algumas dicas para evitar desperdício de alimentos na sua rotina:

Se você quer ajudar a evitar o desperdício de alimentos, pode começar por ações simples no dia a dia. O site Stop Food Waste, por exemplo, ensina uma série de dicas para que você passe a aproveitar melhor cada ingrediente, confira: 

1 – Organize melhor sua lista de compras:

De acordo com o Stop Food Waste, uma família brasileira de três membros joga cerca de R$ 171 por mês em alimentos no lixo. Isso pode ser evitado, certamente, com planejamento.

2 – Aprenda a congelar os alimentos:

O hábito de congelar alimentos pode poupar uma série de ingredientes como molhos, pães, frutas e vegetais. Temos um post completo sobre mitos e verdades sobre congelamento de alimentos. 

3 – Recupere e aproveite melhor seus vegetais:

Imergir vegetais murchos em água gelada durante 5 a 10 minutos pode revigorá-los. Caso eles não voltem, é possível então aproveitá-los numa receita com vegetais cozidos.

Caso eles tenham passado do ponto de cozimento, podem ser usados em sopas ou molhos. Brócolis, cenouras e batatas, por exemplo, são ideais para esse tipo de preparo. 

4 – Seja estratégico com suas refeições:

Antes de jogar fora, alimentos que podem ainda ser utilizados, que tal investir em criatividade na cozinha? Muito daquilo que vai para o lixo, poderia ser usado para preparos. Cardápios inteligentes permitem aproveitar melhor cada alimento ao longo das refeições.

Assim, é possível poupar tempo e dinheiro, além de evitar desperdício. Olhe sua despensa antes de fazer a lista de supermercado e planeje então aquilo que irá cozinhar. 

Caso você não tenha tempo para preparar suas refeições com antecedência, pode apostar em versões prontas, como as da Liv Up. Oferecemos pratos congelados de qualidade, com ingredientes orgânicos, saborosos para tornar sua rotina mais prática.